terça-feira, 24 de agosto de 2010

Transporte público de Bogotá é citado como exemplo


17/8/2010


Foto: Júlio Fernandes - NCI

Victor Raul Martinez
Bogotá é a cidade com a sétima maior economia da América Latina. Assim como outros grandes centros urbanos, enfrentou sérios problemas com o transporte público: ônibus que não chegavam a localidades consideradas pouco importantes, veículos velhos e usuários que encaravam longas e desconfortáveis viagens. E como se não bastasse, pagavam caro pelo serviço.

No entanto, em 1999 a prefeitura da cidade iniciou o processo de implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transit) com a ajuda dos brasileiros que realizaram o mesmo trabalho em Curitiba, na década de 1970. A proposta de mudança, na Colômbia, veio do governo. A dificuldade seria convencer as empresas.

Mas a realidade foi bem diferente, por conta das garantias oferecidas pelas autoridades locais, lembrou o presidente do Sistema Integrado de Transporte SI 99 S.A., da Colômbia, Victor Raul Martinez, durante o Seminário Nacional NTU 2010. O evento acontece nesta terça-feira (17) e quarta-feira (18), em Brasília (DF).

Além de dinheiro para investir, o governo ofereceu às empresas um conjunto de fatores integrados sob o ponto de vista jurídico, financeiro, operacional e social. Assim, por meio de acordos, garante rentabilidade às empresas. Ao custo de US$ 0,60 por viagem, considerado baixo, os colombianos podem se locomover pela cidade em um sistema integrado entre diferentes modais.

Após dez anos de implantação, o sistema é aprovado por mais de 80% da população de Bogotá. Se antes algumas empresas de ônibus trabalhavam com índices de rentabilidade negativas, hoje, segundo Victor Raul Martinez, a rentabilidade alcança de 10 a 15 vez mais do que o registrado na década de 90.

Por dia, são realizadas mais de 1,6 milhão de viagens pelo sistema, que ainda está em fase de expansão. O Sistema Transmilenio, como foi batizado, facilita a comunicação com os usuários. Ele avisa o horário dos ônibus, conta com corredores exclusivos, permite o pagamento prévio de tarifas, e outras facilidades.

“A imagem de Bogotá se transformou e proporcionou o melhor desenvolvimento urbano, gerando empregos diretos e indiretos. Tivemos que mudar a visão do transporte individual para pensar no coletivo. Implantamos um sistema inteligente, onde é possível programar, desenhar os serviços, avisar aos passageiros onde estão os ônibus e muito mais”, explicou o subgerente do Transmilenio, dirigida pelo governo colombiano, Arturo Fernando Rojas.

A queda no número de acidentes de trânsito foi de 80% e a emissão de poluentes foi reduzida em 33% nos últimos anos. Assim como a utilização de carros na cidade, já que cerca de 20% dos usuários do transporte possuem carro. “Se antes tínhamos vergonha de dizer que trabalhávamos com transporte, hoje temos orgulho por oferecer algo de tanta qualidade”, confessou Victor Raul Martinez.

O subgerente do Transmilenio explicou que a busca sempre foi pelo equilíbrio entre os papéis do poder público e privado. “Para implementar o sistema é preciso melhorar a infraestrutura da cidade, como incluir a construção de pavimentação e trilhos para o veículo misto, ou seja, a região urbana deve ser adaptada”, destacou.

Em relação ao evento promovido pela NTU, Martinez ressaltou a importância em se discutir tal assunto. “Há 12 anos, vim para o Brasil para aprender como melhorar o transporte público no meu país. Hoje, estou aqui para falar sobre a experiência colombiana. Me sinto como um aluno que vem contar aos professores como apliquei o aprendizado”, concluiu.



Aerton Guimarães
Redação CNT